segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A "MUDANÇA" DO CALENDÁRIO



Existe um questionamento a respeito da mudança de calendário realizada pelo papa Gregório no século XVI. Essa mudança ocorreu de fato, mas não alterou a ordem dos dias da semana, que continua a mesma. Segue a cópia de um capítulo do seguinte livro, cuja leitura recomendo a todos:
HAYNES, Carlyle B. Do sábado para o domingo: exame dos aspectos históricos da questão do sábado mostrando como, quando, por que e por quem foi feita a mudança do sétimo dia para o primeiro dia da semana. 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1997. p. 70-79.
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A “MUDANÇA" DO CALENDÁRIO
O Calendário Gregoriano, agora em uso em todo o mundo, é preciso e exato. Será proveitoso, ao iniciar o estudo' das mudanças que levaram à sua adoção, ter o leitor perante os olhos um exemplar desse calendário, para cuidadosa observação. Sim, é esse mesmo que tendes pendurado na parede.
Olhai especialmente à ordem dos dias da semana. O domingo é o primeiro dia, a segunda-feira o segundo, a terça-feira o terceiro, a quarta-feira o quarto, a quinta-feira o quinto, a sexta-feira o sexto e o sábado o sétimo.
Os nomes dados a estes dias são todos de origem pagã. O domingo (Sunday), foi atribuído ao Sol; a segunda-feira (Monday), à Lua; a terça-feira (Tuesday), à deusa Tiw; a quarta-feira (Wednesday), ao antigo deus germânico da guerra, Woden; a quinta-feira (Thursday), ao antigo deus escandinavo do trovão, Thor; a sexta-feira (Friday), à deusa Frigga; o sábado (Saturday), ao deus Saturno. Os antigos nomes latinos destes dias, na ordem, são os seguintes: Dies Solis, Dies Lunae, Dies Martis, Dies Mercurii, Dies Jovis, Dies Veneris, Dies Saturni. Estes nomes foram dados em honra ao Sol, à Lua, e aos planetas Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno, respectivamente.
E impressão geral que se registraram muitas mudanças do calendário entre o tempo de Cristo e o nosso. Isto não é verdade. Houve apenas uma: a mudança do Calendário Juliano para o Gregoriano. E essa não exerceu nenhuma influência sobre os dias da semana. Não houve nenhuma mudança nos dias da semana desde o tempo de Cristo; tampouco houve qualquer mudança antes disso, tanto quanto os registros o demonstrem. Os dias do mês foram deslocados, ao ser adotado o Calendário Gregoriano; os dias da semana, porém, não. Continuaram imutáveis desde o começo e são agora os mesmos de toda a história passada.
O calendário que foi usado na Palestina e em todas as províncias do Império Romano dos dias de Cristo era conhecido como o Calendário Juliano. Entrou ele em uso por autorização e no tempo de Júlio César, e é chamado pelo seu nome. Foi promulgado no ano 708 da cidade de Roma, cerca de 46 a.C.
Júlio César gostava de estar em evidência. Arrogou a si muitas prerrogativas. Chamou o sétimo mês pelo seu próprio nome, e por isso, é ele conhecido como julho, derivado de Júlio. É-nos dito que ao escolher um mês para chamá-lo pelo seu próprio nome, escolheu cuidadosamente o que tivesse trinta e um dias, pois considerava o seu nome digno de um dos mais longos meses do ano. O mês seguinte contava, naquele tempo, apenas trinta dias. César Augusto, o sucessor de Júlio, não se considerava de forma alguma inferior em importância a seu antecessor e, quando chamou de Agosto o oitavo mês, acrescentou-lhe mais um dia, tirando-o de fevereiro, de maneira que agosto tem tantos dias quanto julho.
O Calendário Juliano Inexato
O Calendário Juliano foi usado durante quinze séculos depois de Cristo, praticamente em todo o mundo civilizado. Não era, entretanto, um calendário exato: Supunha o ano como tendo 365 dias e um quarto, quando este tem doze minutos e uns poucos segundos menos do que isso. Não parece isto ser uma grande diferença, mas com o correr dos anos aumentou. Como resultado, durante o tempo do Calendário Juliano um pouco de tempo foi sendo perdido cada ano isto é, ele não se baseava exatamente nos movimentos dos corpos celestes, e o resultado foi que, de ano para ano o equinócio vernal, que no tempo de Júlio César ocorreu por volta de 25 de março, retrocedeu gradualmente para o dia primeiro de março. Cerca do começo do século dezesseis depois de Cristo, ocorreu por volta de 11 de março.
Foi somente no décimo terceiro século que os astrônomos começaram a escrever a respeito da inexatidão do Calendário Juliano. Alguns países da Europa desejavam tomar uma decisão no sentido de uma reforma do calendário. Mas nada foi feito durante muito tempo, porque havia necessidade de liderança e acordo, a fim de empreender a revisão do calendário, a qual o tomaria uniforme em todos os países.
Do Juliano Para o Gregoriano
Por fim, foi atraída a simpatia e interesse do próprio papado. Nos dias do Papa Gregório XII o calendário foi mudado, tendo sido feita uma correção de dez dias, a fim de que o dia 21 de março coincidisse com o equinócio vernal, onde ficara no tempo do Concílio de Nicéia, em 321, quando a questão da celebração da Páscoa foi solucionada por aquele concílio da igreja. (Ver Catholic Encyclopaedia, voI. III págs. 168 e 169, art. "O Calendário, Reformado"). Publicou ele uma bula, datada de 1º de março de 1582, anulando dez dias, de maneira que, o dia que deveria ser contado como 5 de outubro de 1582, foi considerado como 15 de outubro. O novo calendário recebeu o nome do papa em cujo pontificado foi instituído, o Papa Gregório. E ele, por conseguinte, conhecido como o Calendário Gregoriano.
O Calendário Gregoriano, que agora usais em vossos lares, e de acordo com o qual quase todo o mundo se orienta na contagem do tempo, foi, como dissemos, introduzido por proclamação do papa de Roma em 1582 a.D. A alteração que o fez entrar em vigor, uma alteração de dez dias entre ele e o antigo Calendário Juliano, foi efetuada na sexta-feira, 5 de outubro de 1582. De maneira que os dez dias que foram acrescentados, o foram apenas para que esse dia, que no Calendário Juliano era considerado 5 de outubro, fosse chamado 15 de outubro. Isso é tudo o que foi feito. E isto fez o ano do calendário coincidir com o equinócio vernal.
Nenhuma Alteração no Sábado
O dia ainda era sexta-feira, mas em vez de ser sexta-feira dia 5, era sexta-feira dia 15. Não houve nenhuma alteração no mês. Este continuou sendo outubro. Nenhuma alteração houve na semana. O mesmo quanto ao dia da semana. Continuou ele sendo sexta-feira. A diferença estava no dia do mês. Este era o dia 15 em lugar de ser 5. E isto é tudo.
O dia seguinte foi sábado, exatamente como o seria se o calendário não houvesse sido mudado. Com a diferença que era dezesseis, quando deveria ser seis. A mudança feita no calendário não ocasionou nenhuma mudança no sábado do Senhor, e não trouxe nenhuma dificuldade quanto à determinação do mesmo sétimo dia agora.
A Espanha, Portugal e a Itália adotaram imediatamente o Calendário Gregoriano. Pouco depois, no mesmo ano (1582), a França o adotou, denominando o dia 10 de dezembro dia 20. Os Estados católicos da Alemanha adotaram o novo calendário no ano de 1583, mas os Estados protestantes da Alemanha conservaram o anterior ou o Juliano, até o ano 1700. Nesse ano, os Países Baixos, como eram chamados, ou os holandeses, adotaram o novo calendário. Eles não se entendiam com o papado e por isso foram vagarosos em aceitar aquilo que consideravam procedente do papa.
A Inglaterra não adotou o novo calendário senão no ano 1752. A Suécia e a Dinamarca o aceitaram ao mesmo tempo em que os Estados protestantes da Alemanha.
Durante esse tempo, enquanto alguns países faziam o cômputo do tempo por um calendário e outros, pelo outro, os dias da semana continuaram exatamente os mesmos em todas as nações. Enquanto o sábado continuava a sê-lo na Espanha, em Portugal e na Itália, o era também na Inglaterra, embora até o ano 1700 conservassem uma diferença de dez dias em suas datas, e após 1700 tivessem uma diferença de onze dias.
A Inglaterra recusara-se aceitar o novo calendário porque nesse tempo se encontrava na fase da fundação do que mais tarde veio a ser conhecido como a Igreja da Inglaterra, e nada queria com o papado. A diferença no cômputo das datas, entretanto, resultou em confusão e dificuldade nas transações comerciais entre a Inglaterra e o continente. Por fim, os negociantes da Inglaterra fizeram tal agitação com respeito ao assunto, que esse país foi obrigado a aceitar o novo, calendário, o qual foi reconhecido como exato e preciso.
No estudo da própria História, observareis de vez em quando, ao serem feitas referências a certas datas, as letras "S.A." ou "N.S." Sua finalidade é indicar se se faz referência ao calendário do sistema antigo ou ao do novo.
Mudada a Data, Não o Dia
Foi a 2 de setembro de 1752 que o calendário do novo sistema, o gregoriano, foi aceito pelo Parlamento inglês. O decreto do Parlamento diz simplesmente que o dia seguinte a 2 de setembro seria chamado 14 de setembro. O dia era quinta-feira. No sistema antigo, ou Calendário Juliano, deveria ser quinta-feira, dia 3. O ato do Parlamento, aceitando o Calendário Gregoriano, tornou-o quinta-feira, dia 14. A diferença entre o sistema antigo e o novo, naquela época, elevou-se a onze dias. O dia dois de setembro foi seguido pelo dia 14 desse mês. O dia do mês foi mudado, mas não o dia da semana. O dia dois era quarta-feira. O dia seguinte, 14, foi quinta-feira. Teria sido quinta-feira se a mudança não fora feita. Mas seria quinta-feira, dia três; agora era quinta-feira, dia 14. O seguinte a esse foi sexta-feira, dia 15, e em seguida o sábado, dia 16. Se a mudança não houvesse sido feita, aquele sábado seria 5 de setembro. Mas ainda seria sábado. Era o sétimo dia da semana no continente; era-o também na Inglaterra; era o sétimo dia em todas as partes. As datas fixadas no continente, para aquele dia, haviam sido diferentes na Inglaterra. Agora se tornaram a mesma. Mas o dia não foi mudado. O dia não se perdeu. Não houve confusão quanto ao assunto. A mudança feita não afetou os dias da semana em nada. Eles continuaram, e permaneceram sempre os mesmos.
Desde 1582, quando o novo sistema de calendário foi adotado na Itália até 1752, quando foi adotado na Grã-Bretanha, há uma diferença de 170 anos. . Durante' todos estes 170 anos, enquanto os países do continente Europeu estavam usando o novo sistema de calendário, a Inglaterra esteve usando o antigo. Por algum tempo eles tiveram dez dias à parte em seus cálculos, e mais tarde onze dias. Mas durante todo, esse tempo os dias da semana foram sempre os mesmos tanto no continente como na Inglaterra. Não houve confusão alguma quanto a eles. Certamente esta é uma evidência convincente de que a mudança do calendário não causou nenhuma diferença nos dias da semana.
Com Calendários Diferentes, mas com os Mesmos Dias.
A Rússia e a Grécia continuaram usando o calendário antigo. Elas achavam-se sob a influência da Igreja Grega, a qual não estava de acordo com a maneira de pensar de Roma; por isso não adotaram o novo calendário. A Romênia, a Sérvia e a Turquia, entretanto, admitiram finalmente o Calendário Gregoriano em 1919, e a Rússia Soviética efetuou a mudança logo depois da revolução. Em nenhuma dessas mudanças os dias da semana foram atingidos. Por esse tempo a diferença entre os dois calendários era de catorze dias.
Conquanto as datas na Alemanha não fossem as mesmas na Rússia, os dias eram exatamente os mesmos. Quando era segunda-feira na Rússia, o era igualmente na Alemanha; embora estes países estivessem sob calendários diferentes. Quando chegou o sábado, o sétimo dia da semana, na Alemanha, foi sábado também na Rússia, embora as datas do calendário tivessem catorze dias a mais. Aquilo que a Enciclopédia Britânica chama de a "inalterável uniformidade" da semana jamais foi atingido pelas mudanças do calendário. Portanto; o dia do sábado não foi mudado nem alterado ou atingido no mínimo grau por tais mudanças.
Dessa forma não permitais que pessoa alguma confunda o vosso pensamento ao falar acerca de mudança do calendário. Os que realmente sabem como a mudança foi feita, estão certos de que a introdução do calendário não atinge de maneira alguma os dias da semana. Na verdade, o próprio calendário é um dos melhores meios de confirmar o fato indiscutível de que o sétimo dia é o mesmo da criação.
O Mesmo Sétimo Dia da Criação
Cremos que a Bíblia é a verdade. Ela ordena a observância do sétimo dia da semana. Esse sétimo dia idêntico ao da criação pôde ser encontrado, caso alguém deseje encontrá-lo. E de pode ser identificado mesmo que alguém queira fazê-lo desaparecer. Não há meio algum pelo qual possa ele ser perdido de vista. Quando ó Sol se põe na sexta-feira à noite. O mesmo sétimo dia da criação tem início. E o mesmo sétimo dia que o mandamento de Deus nos ordena, guardar. Este mandamento declara: "O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra." Por conseguinte, quando o Sol se põe sexta-feira à noite, estais em tempo sagrado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do que você escreveu, me ajudou muito em um trabalhinho de escola aqui, nem foi um trabalho pois encontrei aqui o que eu precisei. muito obrigada.

bibliandre disse...

Obrigado pelo comentário. Se puder olhar as outras publicações, vai encontrar bastante coisa interessante. Obrigado.