sábado, 9 de maio de 2009

Tempo de plantar e de colher


"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do Céu. Há o tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher." Eclesiastes 3:1-2.

Tenho me perguntado por que é tão difícil fazer as coisas que eu mais gosto fazer. Sinto tanta falta de fazer as coisas pequenas. Sim, aquelas que à vista dos outros parecem bobagens. Como gosto de ler, de escrever, de curtir meu amigo violão! Como gosto de estar com os velhos amigos, aqueles que não vemos faz tanto tempo e sempre prometemos nos encontrar num almoço, num fim de semana! Gosto de pegar um papel e ir dobrando, até surgir novas formas. Gosto de pesquisar e entender coisas novas. Gosto de devorar livros. Gosto de estar a toa em bibliotecas, garimpando seus mistérios e pensamentos profundos. Amo as livrarias, cheias de novidades. Queria ler tantos livros, montar quebra-cabeças, como um de 2000 peças que montei uma vez. Sim, gosto disso também. Sinto-me concentrado e desafiado a fazer surgir dali uma imagem. Amo estar no mato, tomar banho de rio e de cachoeira, de ver o céu estrelado, e como é lindo o céu longe da cidade! Gosto demais de andar de bicicleta, de fazer atividade física, de curtir o vento e a chuva baterem no meu rosto. E como é bom sair com minha namorada, meu amor, e não ter hora pra voltar. Não se preocupar com o tempo, com a vida, com nada.

Mas o que tenho feito para estar tão longe dessas coisas? A resposta vem também de maneira rápida: são as responsabilidades, as preocupações, os compromissos conosco mesmo, com os familiares, com o trabalho, com a Igreja, com a sociedade. Esses compromissos nos afogam, e o dia fica muito curto para tantas coisas. O pior é que ficamos esperando chegar o fim de semana, o próximo feriado ou as férias para fazermos aquilo que gostamos, gastar um tempinho para nós mesmos, para a família. Mas chegam e passam os fins de semana e os feriados. As férias são curtas e, às vezes, até cansativas. Quando percebemos, tudo já passou, e a vontade de parar está de novo diante de nós. Somos reféns de nós mesmos.

Claro que as responsabilidades também nos trazem satisfação. Elas nos permitem construir, moldar o mundo e nos leva a novos patamares. É com muita luta que chegamos aonde chegamos. E cada gota de suor vale o preço que custou, com certeza.

Mas creio que há muito e muito tempo tenho investido meu tempo nas responsabilidades, com vistas a chegar o tempo em que eu poderei aproveitar mais o tempo para fazer outras coisas, sem responsabilidade, sem cobranças, sem compromissos, nem tempo para terminar. Livre, enfim. Sinto que esse tempo está perto de se realizar. Mas, se eu olho para o passado, lembro que eu achava que hoje já estaria curtindo esse tempo. Foram muitos anos plantando e cultivando, irrigando e retirando as pragas. Foram muitas e muitas podas, invernos e verões esperando ou o sol ou a chuva. O vento sopra dizendo que a época da colheita está se aproximando. Sinto no ar o tempo de provar do fruto. Ainda bem.