segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem comeu meu hamburguer? 99% não é 100%



Ontem, foi aniversário da prima de minha esposa, e fomos à casa dela para fazermos uma singela comemoração. Em determinada hora, deparei-me com uma pequena estante de livros no quarto do primo da minha esposa. Vários deles eu já conhecia por ter lido, ou por já ter folheado. Repentinamente, meu olhar parou sobre um deles, com o título "Quem comeu meu hamburguer? O poder do Seis Sigma", de Subir Chowdhury. Eu já tinha visto este título dentro de uma manual de catalogação bibliográfica, durante minhas tantas horas de estudo para os concursos, e tinha ficado muito curioso quanto ao conteúdo dele. Esse título era um dos muitos exemplos do manual. Quando percebi, já estava lendo os primeiros capítulos do livro, e gostando.
O estilo é o mesmo de "O mestre e o executivo", em que o autor procura explicar um conceito ou ensinamento por meio de uma narrativa, com personagens dialogando e vivendo situações extremas, que os levam a questionar uma situação ou um problema. No caso desse livro, o conceito a ser passado é o programa de qualidade total "Seis Sigma", que é na verdade uma escala de qualidade, que vai de um a seis, aliada a um programa que visa aumentar a qualidade de um produto, serviço ou processo, trazendo economia para a empresa e satisfazendo o cliente. Se uma empresa atingir os 100% de qualidade, chegará então ao Seis Sigma. Não se trata de um programa de qualidade qualquer. Ele foi adotado por exemplo por empresas importantes como a GE.
Terminei o livro em cerca de quatro horas. Podia tê-lo feito em menos tempo, se o ambiente fosse mais adequado à leitura, pois estava na sala diante da TV, com a Seleção Sub 20 jogando (nunca vi tanta bola na trave!), muita gente conversando e interrompendo a todo instante, e com direito a uma pausa para o almoço e outra para a sobremesa.
Embora não pudesse aplicar diretamente os conceitos do livro à minha vida, afinal não sou uma empresa nem possuo uma, ficou gravado em mim o conceito de qualidade total, e esse sim pode ser aplicado a tudo. Muita gente se contenta com 99% de eficiência. Então, pense acerca desse trecho do livro: "Acertar 99% das vezes é o melhor que todos podem fazer, certo? Uma taxa de 1% de defeitos equivale a: vinte mil remessas postais extraviadas por hora; cinco mil cirurgias malfeitas por semana; quatro ou mais acidentes por dia em grandes aeroportos; duzentos mil medicamentos tomados de forma errada por ano. Você ainda acha que 99% é bom o suficiente?... Os níveis de qualidade do Seis Sigma situam-se abaixo de 3,4 defeitos por milhão de oportunidades. Isso significa perfeição 99,9997%". Imagine-se sendo um paciente a ser operado. Você gostaria de estar dentro do 1% de cirurgias malsucedidas? Bem, eu não.
Claro que o livro é superficial; serve apenas para dar um vislumbre do que seja o programa "Seis Sigma", de modo a atrair o empresário ou executivo a conhecer mais do programa, e aplicá-lo. Mas, para mim, o livro me mostrou o quanto 99% está longe dos 100%. Fiquei meditando em quantas coisas a gente se contenta com um nível intermediário ou apenas alto de sucesso, sem nos dar conta do quão importante são também as taxas de insucesso ou fracasso. Fica aqui mais uma dica de leitura.