quinta-feira, 28 de agosto de 2008

LÁGRIMA E DOR

LÁGRIMA E DOR

Passo o dia,
Passa a vida
Por que essa dor não passa?
Falta-me o ar
Está rarefeito
Está raro
Está feito

Essa lágrima não seca
Essa lágrima não sai
Essa lágrima não cai
E me inunda por dentro
Afoga-me por dentro
Incendeia
Queima
Arde
Ai

Sei o porquê dessa dor
Só não sei por que não passa
Não passa
Não passa
Não
Não
Não
Não pára de doer
Não pára
Não


André L. L. de Alcântara, 28 ago. 2008, 10h00

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PROCRASTINAÇÃO



Artigo interessantíssimo da Revista Vida Simples.

DEPOIS EU FAÇO

Afinal, por que tanto adiamos tarefas, decisões, planos, sonhos e mudanças em nossa vida? Eis um assunto para ser tratado aqui e agora

por Eugênio Mussak

Procrastinação
vem do latim procrastinatione, descrita pelos dicionários como o ato de adiar, delongar, demorar, espaçar ou, simplesmente, transferir para outro dia. E os chegados à prática são chamados de procrastinadores - o que pode, para os menos avisados, soar como um elogio.
- Sabe o que você é? Um procrastinador!
- Que é isso. Bondade sua.

Do ponto de vista psicológico, a
procrastinação pode ser entendida como uma dificuldade em definir prioridades a partir de elementos não emocionais. Em outras palavras, a dificuldade em definir o que vai ser feito a partir da importância que tem, e não a partir do prazer colhido em sua execução. Mas, falando com sinceridade, sabemos exatamente como isso funciona (que atire a primeira pedra quem nunca procrastinou).

Está claro que é uma espécie de arte, exige algum talento. Porque não há nada de errado em deixar para depois alguma coisa. Às vezes, é isso mesmo que temos de fazer: deixar para depois. Ora, é preciso saber gerenciar prioridades. Assim, deixar a gasolina chegar à reserva, cortar o cabelo na outra semana, prorrogar o início de uma nova atividade física ou espiritual, tudo isso é bem humano - cada um sabe onde aperta o calo, como diziam nossas avós. O problema é quando a
procrastinação se arrasta, torna-se contumaz e envolve os outros. Aí ela começa a ficar perigosa, e a produzir conseqüências desastrosas.

Em 1955, o historiador inglês Cyril Northcote Parkinson (1909-1993) publicou nas paginas da revista The Economist uma tese muito interessante: as pessoas sempre utilizam para realizar uma tarefa, independentemente de sua importância, o máximo do tempo disponível. Trocando em miúdos: se você tiver uma hora para realizar uma tarefa, é esse o tempo que vai dispender para realizá-la, mas se dispuser de quatro dias, não tenha dúvida que irá utilizar todo esse tempo.


Essa tese acabou sendo tão bem compreendida e aceita por todo mundo, que se transformou em uma lei, a "lei de Parkinson", cujo enunciado é:


"O trabalho expande-se de modo a preencher o tempo disponível para sua realização".


A idéia dessa lei pode ser percebida praticamente todos os dias, tanto em nossa vida profissional quanto pessoal, se não em nós mesmos, em alguém que está por perto, convivendo conosco. Observe as pessoas ao seu redor, analise o comportamento delas e perceba que é isso mesmo. Dificilmente alguém antecipa a conclusão de uma tarefa, deixando o tempo livre para depois. Temos a impressão de que, ao utilizarmos todo o tempo que dispomos, estendendo nossa empreitada até o último minuto, faremos o trabalho melhor.


O que está errado nesse raciocínio é que não utilizamos todo o tempo disponível no trabalho, mas na
procrastinação - o elemento oculto da história. De quatro dias disponíveis para a realização de um trabalho, existe grande chance que a concentração maior ocorra no último dia. E o pior é que os outros três, que poderiam ter sido mais bem utilizados, são carregados de uma certa "sensação de culpa", que fica assombrando nosso inconsciente como um fantasma que, se tivéssemos total autocontrole, poderíamos afastar com um sopro, usando o fôlego da responsabilidade.

A pior aplicação da lei de Parkinson dá-se quando a tarefa não tem prazo definido para ser realizada. Coisas como estudar espanhol, escrever um livro, plantar uma horta ou realizar um antigo sonho podem ser jogadas para um futuro incerto, e acabam nunca se realizando. E todo mundo conhece alguém que está esperando sabe-se lá o quê para "fazer o que sempre quis na vida". É a
procrastinação tamanho GG, que dura até o último suspiro.

A verdade é que uma em quatro pessoas encontra-se neste momento praticando alguma modalidade de
procrastinação. Talvez, aqui ou ali, a conseqüência seja desprezível, mas sempre ocorre algum prejuízo da eficiência e do resultado. Mas por que, afinal, nós procrastinamos? Qual o nível que define quando essa prática é apenas um comportamento normal e aceitável e quando passa a ser um hábito danoso à pessoa?

Na Case Western Reserve University, próxima a Cleveland, Ohio, Estados Unidos, os professores de psicologia Roy F. Baumeister e Dianne M. Tice dedicam-se ao estudo de alguns componentes da personalidade que interferem no comportamento e na produtividade das pessoas, tais como a auto-estima, a autoconfiança, o estresse, as relações e também a
procrastinação.

Eles dizem que os procrastinadores mais freqüentes são os que têm menor consciência da realidade. Os sócios desse clube acreditam que a realidade desconfortável poderá ser mudada se for ignorada. É a síndrome do avestruz, que segundo a lenda enfia a cabeça num buraco. Ao relegar uma tarefa desagradável para outro momento, a pessoa espera, inconscientemente, que a mesma se resolva por conta própria durante esse tempo. Ora, quem dera.


Eis aí um comportamento extremo, desprovido de lucidez, de maturidade. É por isso que a
procrastinação vira um problema no início da idade adulta, quando devemos dar sinais de independência, assumir responsabilidades por nossos próprios atos.

Batata frita no deserto
Procrastinar pode nos trazer um súbito conforto, por nos afastar da fonte de desprazer, mas esse alívio sempre será temporário, o que nos coloca em uma ciranda destrutiva, geradora de ansiedade. Por isso não é incomum a relação entre a
procrastinação crônica e a depressão, sem que saibamos qual se instalou antes. A verdade é que elas se retroalimentam. Um outro aspecto curioso é que a procrastinação nem sempre deriva do desejo inconsciente de adiar o desprazer, mas também do desejo de prolongar a perspectiva do prazer. Equivale a esperar mais um pouco para tomar água, quando a sede já estiver insuportável.

Lembro-me de uma propaganda de refrigerante que mostrava um homem atravessando um deserto, entrando em um bar e pedindo um saco de batata frita. Ele queria sentir ainda mais sede antes de acabar com ela.


A necessidade biológica que temos de obter prazer e evitar sofrimento faz com que nosso cérebro crie mecanismos às vezes divertidos, às vezes prejudiciais. Por trás do comportamento procrastinador está a motivação - ou a falta dela. Motivação é a condição psicológica que move uma pessoa a praticar uma ação.


E está cada vez mais claro que somos movidos por esse combustível, e que ele não pode ser carregado de fora para dentro. É uma energia que as pessoas eficazes têm condições de produzir por si mesmas, espontaneamente.


Eis por que é tão fundamental uma visão clara da realidade e do que queremos para nós nesta vida: no fundo mesmo, o que nos afasta de uma determinada tarefa? Por que não nos sentimos motivados a realizá-la? Cada um deve saber perguntar e responder essas coisas intimamente.


Nas minhas observações, descobri que convencer os outros e a mim mesmo de que é melhor deixar pra amanhã, porque hoje não dá mais tempo, faltam alguns dados e, de qualquer maneira, não tem tanta pressa assim, etc., acaba consumindo mais energia do que a necessária para a realização da tarefa. Caiu uma ficha.


Dá até para listar alguns dos motivos internos, mentais, ligados ao hábito de procrastinar, e uma leitura deles pode ajudar no esclarecimento da questão (sem nenhuma intenção de classificar ninguém, mas se num ou outro perfil a carapuça lhe servir, por favor, não se acanhe):
  • Dificuldade em lidar com o tempo. Às vezes perder a noção e não conseguir calcular o tempo necessário para a realização de uma tarefa;
  • Necessidade imperiosa de evitar o desprazer. Não conseguir se concentrar em nada que gere desprazer ou que não gere prazer imediato, por não estabelecer relação entre esforços e resultados;
  • Falta de noção de prioridade. Dificuldade em definir o que é importante e o que é urgente (muito comum hoje em dia, quando tudo parece importante e urgente).
  • Estresse. Nesse estado, há uma tendência a escapes involuntários, a dedicar- se a tarefas secundárias como forma de alívio;
  • Autoapreciação comprometida. Não conseguir ser senhor de suas ações, depender da ingerência alheia para apresentar alguma produtividade ou evitar procrastinações.
E como combater a procrastinação, essa vocação visceral, totalmente humana? Alguns velhos e bons princípios podem ajudar:
  • Fazendo primeiro o que é importante, pois o prejuízo da procrastinação de uma tarefa menos importante é menor (infelizmente, o conceito "importante" não vem com manual de instruções, temos de decidir sozinhos);
  • Colocando na frente as tarefas menos agradáveis, impedindo-se a dissipação de energia mental, que fica drenando durante o dia;
  • Dedicando mais tempo a fazer o que é importante, mas não é urgente (quando for urgente já estará feito);
  • Dando-se conta de que tarefas de execução desagradável, desde que realizadas com determinação, sempre dão resultados agradáveis;
  • Percebendo que as coisas que há para fazer podem ser de três tipos: aquelas que esperamos de nós mesmos, aquelas que o meio onde estamos espera de nós e - o melhor dos mundos - aquelas que atendem nossos quereres e os dos outros.
Nesse último ponto, mais uma vez, o valor da interiorização, do autoconhecimento, da soberania interna, do livre-arbítrio e da percepção afinada e madura do mundo - tudo isso, vale dizer, está correlacionado.

Aliás, está no significado das palavras autonomia e heteronomia: autônomo (auto = próprio, nomos = norma, lei) é aquele que escreve suas próprias normas de conduta, ou que acata serenamente as normas gerais - não por medo de repreensão ou castigo, mas por aceitá-las como suas, como sendo verdadeiras; o heterônomo apenas obedece às normas estabelecidas por outras pessoas, resignado e triste, o que é bem diferente.


É claro que o que se espera do indivíduo adulto, no mínimo, é que ele seja autônomo, responsável, capaz de controlar sua própria vida, fazendo as coisas certas nos momentos certos, sem prejudicar ninguém. Uma coisa de cada vez, e com noção precisa da prioridade, da responsabilidade e do tempo. E veja:
todos nós sabemos disso!

MUSSAK, Eugênio. Vida Simples, São Paulo: Ed. Abril, n. 4 , abril de 2006.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

MEU ENGANO


André L. L. de Alcântara

Por quantas vezes, Senhor,
Eu procuro me esconder
E ignoro o Teu amor
Pois não sei o que fazer.

Eu me entrego à tentação
Iludido que estou só,
Abandono a Tua mão
Me esqueço que eu sou pó.

Mas o meu maior engano
É tentar Te enganar!
E por Teu amor eu clamo:
Senhor, vem me perdoar!
Como posso eu supor
Que eu posso Te enganar?
Nada foge ao Teu amor
Ninguém pode se ocultar!

Senhor, quero Te entregar
O meu seu, meu coração.
Não me deixa mais falhar,
Tropeçar na provação.

Se ainda assim cair,
Quero te buscar, meu Deus.
De joelhos te pedir
Vem, perdoa os erros meus.

14 de setembro de 2005, 22h30.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Regina Mota


Foi um grande prazer que sem querer encontrei o blog da Regina Mota. É legal ter contato com aqueles artistas, músicos ou pessoas que, mesmo de longe, a gente admira.
Conheci o trabalho da Regina por meio do CD do Trio Viva Voz (junto com Jader Santos e Anderson César). Adorei esse CD, tanto que já devo tê-lo ouvido umas mil vezes, e "contaminei" minha irmã a ouvir também.
Daí, resolvi comprar o CD Voltei da Regina. Foi paixão à primeira "ouvida". Decorei o álbum todo. Depois fui comprando os outros CDs, inclusive o primeiro álbum (Voltei foi o segundo), à medida que foram sendo lançados.

Não é só o excelente contralto da Regina que me atrai, mas outros fatores que, acredito, são essenciais para caracterizar uma canção como de altíssima qualidade.
Esses fatores são esses:
  • Excelentes compositores: Jader Santos, Flávio Santos, João Alexandre e tantos outros. São músicos inspiradíssimos, inteligentes, que conseguem expressar em suas canções um cristianismo profundo, que ataca a hipocrisia do cristianismo de fachada. Esses músicos ajudam muitos e muitos a se elevarem a Deus, a mudar nossas atitudes diárias.
  • Ligado ao fator acima, são melodias lindas, ricas. As harmonias me tiram arrepios.
  • A instrumentação é linda. São usadas orquestras principalmente. Vibro também quando são usados instrumentos sozinhos, como violão e piano.
  • Talvez o mais importante fator, são músicas que descrevem um cristianismo real, sem violar, contrariar ou deturpar o que diz a palavra de Deus.
Por tudo isso, admiro a música de Regina Mota. E agora ela está participando do Novo Tom. Que maravilha...
Recomendo: http://regmota.blogspot.com/
Outras possibilidades:
http://www.myspace.com/reginamotacanta Aqui você ouve algumas músicas inéditas.
http://www.reginamota.com/ Este é o site oficial. Embora esteja faltando atualizações, dá link para os endereços acima e permite enviar mensagens para a cantora.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A LÓGICA DE DEUS


Jesus diz em João 16:33 que:

“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.”

Posso afirmar com certeza que todos têm tribulações, provações, problemas.

Os homens desenvolveram muitas técnicas e maneiras diferentes de trazer solução a esses problemas. O raciocínio humano parece não ter limites. Uma maneira bem difundida de se resolver problemas e usando a lógica. Por meio da dedução e da indução, pode-se obter respostas e soluções para muitos problemas. A computação utiliza a lógica para resolver milhões de problemas em frações de segundos.

A Ciência desenvolveu também inúmeras maneiras de se resolver problemas. Para o problema da distância, desenvolveu a aviação e os automóveis, por exemplo. Para as dificuldades de comunicação, desenvolveu o telefone e tantas outras invenções.

Mas, e quando chegamos às fronteiras da Ciência, quando a lógica não nos conduz a lugar nenhum, quando faltam as idéias, a quem recorreremos? Vocês sabem bem a resposta. Todos sabem a resposta. Até quem não crê em Deus sabe a resposta. Buscamos uma força e uma sabedoria maior do que a Ciência e a razão... buscamos Deus. Claro que muitos buscam nos falsos deuses desse mundo, e só acabam se frustrando ainda mais.

Mas, e Deus, o que Ele tem a oferecer para nós? Certamente Deus tem uma maneira própria de agir, tem uma maneira diferente de todas as nossas opções. Mas como é essa maneira?

Traremos algumas histórias bíblicas para tentar mostrar isso.

Vejamos o capítulo 7 de Juízes, que trata de uma das maiores batalhas que Israel já enfrentou. Os inimigos eram incontáveis. Vejamos o verso 12:

“Os midianitas, os amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale, como gafanhotos em multidão; e os seus camelos eram inumeráveis, como a areia na praia do mar.”

Se formos conduzir nosso pensamento de acordo com a lógica humana concluiríamos que Gideão, o líder daquele povo, deveria montar um exército ainda mais forte e poderoso do que aquele enfrentaria. Confesso que eu agiria assim. Essa é a lógica. Se soubesse que meu exército é centenas de vezes menor que o do meu oponente eu não o enfrentaria. Fugiria, me esconderia ou me renderia. A outra maneira seria montar um exército ainda maior e mais forte.

Leiamos o verso 1:

Então Jerubaal, que é Gideão, e todo o povo que estava com ele, levantando-se de madrugada acamparam junto à fonte de Harode; e o arraial de Midiã estava da banda do norte, perto do outeiro de Moré, no vale.

Pronto, as ferramentas para a batalha estavam prontas. Dois grandes exércitos estavam prestes a se digladiarem, venceria o mais forte. Gideão usou a lógica humana. Ele agiu certo, eu diria.

Aí Deus aparece e mostra outra lógica. Verso 2 em diante.

2. Disse o Senhor a Gideão: o povo que está contigo é demais para Eu entregar os midianitas em sua mão; não seja o caso que Israel se glorie contra Mim, dizendo: Foi a minha própria mão que me livrou.

3. Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido volte, e retire-se do monte Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.

Eu pensaria, ainda tenho 10.000. Ainda dá para fazer uma grande batalha. Mas essa ainda não era a lógica de Deus. Continua no verso 5.

5. E Gideão fez descer o povo às águas. Então o Senhor lhe disse: Qualquer que lamber as águas com a língua, como faz o cão, a esse porás de um lado; e a todo aquele que se ajoelhar para beber, porás do outro.

6. E foi o número dos que lamberam a água, levando a mão à boca, trezentos homens, mas todo o resto do povo se ajoelhou para beber.

Veja se tem lógica isso: selecionar os guerreiros pela maneira de beber água. Se você fosse o chefe de um exército, você escolheria seus guerreiros porque eles bebem água como um cachorro? E ainda mais somente 300 homens contra milhares. É impossível vencer essa batalha!

O resultado disso tudo está no verso 22:

Pois, ao tocarem os trezentos as trombetas, o Senhor tornou a espada de um contra o outro, e isto em todo o arraial, e fugiram até Bete-Síta, em direção de Zererá, até os limites de Abel-Meolá, junto a Tabate.

Ainda assim, contra todas as probabilidades, Israel venceu, pelo poder e pela lógica singular do Senhor.

E se fosse para escolher um rei para governar um povo. Quais critérios seriam os melhores. O maior, o mais forte, o mais bonito, o mais inteligente? Claro que esses são os melhores atributos que um rei guerreiro pode ter. Foram esses os critérios que fez o povo de Israel escolher Saul como seu rei. Mais uma vez, a lógica de Deus é diferente. Vejamos I Samuel 16:1.

Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o Eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.

Eu imagino que Samuel deve ter ido imaginando nos atributos desse novo rei, comparando-o com o belo e altivo Saul. Ele já devia ter na mente o modelo desse rei. Se Saul era belo, alto e forte e se tornou o rei de Israel, o novo rei deve ser mais belo, mais alto e mais forte. Ora, é a lógica humana.

Vem Deus e mais uma vez e traz outra lógica. Verso 6:

6. E sucedeu que, entrando eles [os filhos de Jessé], viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.

7. Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza de sua estatura, porque Eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

Assim, Jessé fez os seus filhos passarem uma a um diante de Samuel, mas a todos Deus rejeitou.

Verso 11:

11. Disse mais Samuel a Jessé: São estes todos os teus filhos: Respondeu Jessé: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos sentaremos até que ele venha aqui.

12. Jessé mandou buscá-lo e o fez entrar. Ora, ele era ruivo, de belos olhos e de gentil aspecto. Então, disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.

Deus escolheu o menor e o mais diferente. Talvez o mais feio. A escritura diz que tinha “gentil aspecto”. Isso pode parecer que ele era bonito, mas não se enganem. Bonitão mesmo era o Saul. O verso 2 do capítulo 9 diz que ele era tão belo que “não havia outro homem mais belo do que ele”. De Davi diz que tinha um “gentil aspecto”. Para mim isso parece mais um eufemismo. Comparado a Saul, Davi era pequeno, frágil e feio. Veja que é essa a lógica de Deus.

Vejamos agora uma história que mostra Deus violando as leis da física. Os cientistas gabam-se muito dos seus conhecimentos. Tentam avaliar tudo criticamente. Claro, esse é o papel deles. O problema é quando tentam fazer isso contra a Bíblia, a palavra de Deus, e contra a fé das pessoas. O mais interessante é que é que Deus não se importa em, de vez em quando, violar as leis da Física, da Química, Biologia e quantos ramos da Ciência forem. Ele mesmo criou todas essas regras e pode violá-las sem o menor pudor. Resumindo, Deus não está nem aí para os cientistas e suas ciências. Leiamos II Reis 6:1-7:

1. Os filhos dos profetas disseram a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face é estreito demais para nós.

2. Vamos, pois, até o Jordão, tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e ali edifiquemos para nós um lugar em que habitemos. Respondeu ele, Ide.

3. Disse-lhe um deles: Digna-te de ir com os teus servos. E ele respondeu: Eu irei.

4. Assim foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortavam madeira. Mas sucedeu que, ao derrubar um deles uma viga, o ferro do machado caiu na água; e ele clamou, dizendo: Ai, meu Senhor! ele era emprestado.

6. Perguntou o homem de Deus: Onde caiu? E ele lhe mostrou o lugar. Então Eliseu cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro.

7. E disse: Tira-o. E ele estendeu a mão e o tomou.

Vejam só, alguém já viu uma lâmina de ferro de um machado flutuar na água. A densidade do ferro é de aproximadamente 7,8 g/cm3 enquanto da água é de 1g/ cm3 no estado líquido. Para quem não se lembra ou não é muito fã de Física, vou explicar o que isso significa. Se eu pegasse duas pequenas caixinhas de 10 cm de altura, 10 cm de largura e 10 cm de comprimento e enchesse uma de água e outra de ferro, a caixinha com água pesaria exatamente 1kg, enquanto a de ferro teria 7,8 kg.

A lei da Física diz que um objeto de densidade maior irá afundar dentro de um líquido de densidade menor. Já um objeto de densidade menor irá flutuar em um líquido de densidade maior. Isso é muito simples e pode ser provado cientificamente. Em palavras mais simples, o mais pesado irá afundar. Todos nós sabemos disso intuitivamente. A despeito de toda essa aula de Ciência, Deus ignorou as regras. Ou melhor, seguiu as regras no início, pois primeiramente o machado afundou no rio Jordão. Depois, com a iniciativa do profeta, o machado flutuou. Isso é cientificamente impossível.

Azeite que se multiplica nas vasilhas, Andar na fornalha acesa e não se queimar, Andar sobre as águas, um punhado de pão e peixe alimentando uma multidão, mortos ressuscitando... enfim, a Palavra de Deus é rica em mostrar que Deus não segue a lógica dos homens. Deus tem sua própria lógica. E a lógica de Deus é fazer o impossível, o improvável, o irracional. Fazer o possível não é o papel de Deus. Esse é o papel dos homens. O impossível, isso sim, é o papel, ou melhor, a especialidade de Deus.

Nesta noite de oração, o que Deus quer fazer para você é o impossível. E se sua fé é tão pequena e tem pedido a Deus o possível, saiba que Deus quer muito mais do que isso. Paulo, na carta aos Efésios, capítulo 3, verso 20, disse que Deus “[...] é poderoso para fazer TUDO muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.” Vejam só como ele se expressou. Ele não poupou expressões que ampliam a expressão imediatamente anterior: TUDO; não apenas tudo, mas TUDO MUITO MAIS ABUNDANTEMENTE; e não somente tudo muito mais abundantemente, mas TUDO MUITO MAIS ABUNDANTEMENTE ALÉM DAQUILO QUE PEDIMOS; não apenas tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos, mas TUDO MUITO MAIS ABUNDANTEMENTE ALÉM DAQUILO QUE PEDIMOS OU PENSAMOS. Veja o quanto isso é amplo!

Você já imaginou tudo o que você pode imaginar? Pois Deus é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. Aí você pensa: Ah, não vou pedir, porque isso é impossível! Aí é que está a especialidade de Deus. Deixe nas mãos do especialista. Faça sua parte e deixe para Deus o impossível. Muitas vezes, quando oramos nós já indicamos qual a maneira que Deus tem de agir, como se Ele precisasse das nossas dicas. Você não tem que ficar dizendo para Deus como Ele deve agir. Confia nEle e Ele tudo fará. (Salmo 37:4).

Só tomemos cuidado nos motivos que nos levam a pedir as coisas para Deus. Ele esquadrinha os corações, e sabe as mais profundas paixões e sentimentos. Lembrem o que Deus disse ao profeta Samuel em I Samuel 16:7: “[...] o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” Já lemos isso agora há pouco.

O apóstolo Tiago nos adverte no capítulo 4, verso 3 de sua epístola:

3. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.

Se pedirmos algo a Deus só para nos gloriarmos, para humilharmos o próximo, Deus, por amor a nós, não nos concederá. Precisamos ter o coração limpo do egoísmo. Essa também é uma tarefa impossível. Por isso, é tarefa de Deus, “Aquele que é poderoso para fazer TUDO muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos.” Gostaria que você ficasse com este verso na cabeça: Deus “[...] é poderoso para fazer TUDO muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos.”

André L. L. de Alcântara